sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Trading de Notícias

Já todos sabemos que um dos maiores movimentos nos mercados financeiros é sempre causado pelas noticias. As noticias fazem mover os mercados e, por isso, poderá ser muito interessante fazer parte desses movimentos.
Neste artigo vamos ver como fazer trading de notícias, assim como os perigos de o fazer.

Imaginamos que temos acções de uma empresa e vemos nas notícias que essa empresa anunciou a sua falência, o que iriam fazer às acções? Fariam a venda de todas as acções para tentar recuperar o máximo de capital possível, assim como todos os outros investidores.

Mas imaginem que tinham acesso a essa noticia um dia antes dela realmente acontecer? Obviamente que venderiam todas as acções antes de os outros investidores fazerem o mesmo, recuperando ainda mais capital com a venda antecipada. No entanto, o que acabaram de fazer chama-se Insider Trading e pode dar-vos pena de prisão. É proibido utilizar os nossos cargos para proveitos próprios, nos investimentos.
Mas, ao contrário do que se poderia pensar, não existe nenhum problema em vender pares cambiais antes de todos os outros. Aliás, existem casos de investidores que pagam milhares de euros mensalmente para terem acesso às noticias 5 minutos antes de todos os outros investidores.
É, por isso, bastante importante ter cuidado antes de investirmos tendo em conta notícias que passam por nós.

Cuidados a ter

No caso do investidor colocar ordens durante o período em que as notícias aparecem, o spread poderá ser maior.
Outra coisa que poderá acontecer é o slippage. O slippage ocorre quando queremos entrar no mercado a um determinado preço, mas afinal entramos no mercado a um preço diferente. Com um volume de ordens enorme, o sistema informático tem dificuldade em lidar com esses picos, dando piores preços a investidores que investem no mercado ao preço do mercado.
Outro cuidado a ter em conta é o facto de muitos investidores comprarem o rumor e venderem a noticia. Um exemplo disso ocorreu quando a Apple iria lançar um novo iphone em 2014. Os investidores até aconselharam outros investidores a comprarem acções da Apple, mas no dia em que saiu o novo iphone, as acções da Apple apresentaram uma queda de quase 5%.
É bastante importante ter cuidado quando isso acontece, e ter planos de saída para preservar o nosso capital.

Volatilidade

Existem certas noticias que provocam mais volatilidade do que outras, no caso dos pares cambiais. O NFP (Non-Farm Payroll) é dos indicadores que produz mais volatilidade, dado que indica a variação do número de trabalhadores dentro dos EUA. Lançado sempre na primeira sexta-feira de cada mês, é algo que coloca os investidores sempre de olhos postos no monitor do seu computador ou smartphone. 

Para garantir que entramos a um bom preço, convém termos em conta que negociamos num par cambial bastante liquido. Por isso mesmo lanço em baixo os 5 pares cambiais mais importantes para negociar o NFP. Podem observar que todos têm o USD num dos lados, para garantir que temos uma boa variação para o nosso lado.
  1. EUR/USD
  2. GBP/USD
  3. USD/JPY
  4. USD/CHF
  5. USD/CAD

Outras Notícias

Infelizmente o Brexit ocupou uma grande parte das nossas vidas durante algumas semanas. Como qualquer investidor sabe, essa noticia poderia ter um impacto gigante nos seus investimentos, e preparou-se convenientemente. Mas não é só nas acções que os investidores têm de se preparar, pois até os pares cambiais podem ter impactos bastante fortes.

No caso em cima, o Zloty Polaco está com bastantes problemas em estabilizar a sua desvalorização. Tal deve-se ao facto da Polónia ser o primeiro país a consumir o apoio financeiro da União Europeia. Com a saída do Reino Unido, o 3º maior contribuidor para o bolo financeiro, é natural que a Polónia fique com bastante impacto na sua moeda.
É bastante importante ter cuidado com as noticias do dia a dia, pois podem causar um impacto forte nos nossos investimentos, ainda que seja no curto prazo.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Qual é a Diferença entre Retorno Aritmético e Retorno Geométrico?

Hoje vamos abordar o tema do retorno geométrico.
Como investidores, os bancos e corretores não fazem nenhuma distinção (nem referência) ao que é retorno aritmético e retorno geométrico. Felizmente aqui vamos fazer uma distinção e verificar, com um exemplo, até que ponto é que os nossos investimentos poderão ser prejudicados por omissão dos dois retornos.

Retorno Aritmético

O retorno aritmético é bastante simples. Este retorno é calculado fazendo a média aritmética dos retornos dados pelos anos que queremos analizar. Assim, um depósito a prazo que renda 4% ao ano, o retorno é idêntico, 4%. No caso de estarmos a investir apenas em depósitos a prazo e em produtos sem qualquer risco, a realidade é que deveremos usar o retorno aritmético, por ser bastante fácil o cálculo e por não ser necessário calcular o outro retorno.

Retorno Geométrico

Quando estamos a calcular rendimentos provenientes de fundos de investimento, onde é possível haver rendibilidades negativas, o retorno aritmético já não deve ser utilizado. Como o retorno aritmético faz apenas uma média dos ganhos em percentagem, um ganho negativo é facilmente ignorado por vários ganhos positivos, quando isso não é bem assim.
Um retorno geométrico é calculado usando os ganhos reais que um determinado investimento poderá dar. No caso de percentagens negativas, este tipo de retorno irá ter isso em conta no cálculo, de forma a produzir a realidade dos rendimentos obtidos com um investimento.
A formula:
O valor 1 é adicionado a todos os retornos de forma a que os retornos negativos também sejam contabilizados (já que não podem existir raízes quadradas de valores negativos.
O retorno geométrico é sempre menor ou igual que o retorno aritmético equivalente.
Vamos agora para o caso prático:

Exemplo

Temos um determinado investimento que nos rendeu as percentagens abaixo:
Janeiro: 5%
Fevereiro: -30%
Março: 40%
Abril: 20%
O valor do investimento é de €1000.

Calculando a média aritmética ((0,05-0,3+0,4+0,2)/4) obtemos um retorno médio de 8,8%. Assim, um investimento de €1000 iria render €350 em quatro meses, mas será que este investimento rendeu mesmo isso?

Vamos agora fazer os cálculos usando o retorno geométrico.

Com o retorno geométrico, os cálculos (em excel=MÉDIA.GEOMÉTRICA(1,05;0,7;1,4;1,2)-1) indicam que o investimento rendeu 5,41%. Mas onde é que perdemos mais de 3% do rendimento?

Infelizmente, dado que em Fevereiro o investimento deu um retorno negativo, a dada altura o investidor deixou de ter €1000 para investir mas sim cerca de €700. Nos meses seguintes recuperou todo o seu capital inicialmente investido, mas isso penalizou os juros recebidos.

Assim, o investidor recebeu cerca de 235€ em juros, invés dos €350 inicialmente calculados.

Notas Finais

O exemplo veio demonstrar que o investidor perdeu mais de €100 sem saber como. Os investidores têm de estar mais atentos porque, por vezes, os bancos e corretores não apresentam retornos geométricos dos seus produtos, dado que a rendibilidade é menor do que a rendibilidade de uma média aritmética. Existem casos em que a média aritmética dá positiva e, no entanto, o retorno para os investidores revelou ser negativo.
Assim sendo, aconselhamos precaução e, também, que façam muito bem os cálculos para que garantam que o retorno foi bem calculado. 

sexta-feira, 29 de julho de 2016

[Forex] Como fazer Gestão do Risco?

Nos mercados cambiais temos de olhar para a gestão do risco com bons olhos. É verdade que, por vezes os investidores estão tão focados, confiantes e ansiosos que estão dispostos a iniciarem a sua negociação em pares cambiais sem olharem para a gestão do risco.
Infelizmente, este tipo de investidores não estão a investir, estão a apostar.
A gestão do risco é algo que deve ser visto com bons olhos, dado que pode proteger o nosso capital no longo prazo. Através da gestão do risco poderemos alcançar ganhos bastante interessantes se nos mantivermos dentro dos parâmetros que vamos agora abordar.

Capital Inicial

O capital inicial é algo fundamental para negociar pares cambiais. Para fazermos dinheiro é necessário termos dinheiro, mas quanto? O capital inicial deve ser algo muito ponderado pelo investidor, dado que pouco capital inicial poderá limitar o limite da nossa negociação, assim como ter problemas relativamente à aplicação de uma boa gestão do risco.
Existem brokers Portuguesas e Internacionais que permitem a abertura de contas forex com um capital mínimo de $25, mas isso não quer dizer que deveremos começar a negociar com esse capital.
Dependendo dos lotes, ou unidades de compra, poderemos começar a negociar com um capital de €1000.

Alavancagem Indicada

Existem diversos tipos de alavancagem que podemos escolher quando abrimos uma conta numa broker, podendo até alterar essa decisão mais tarde. A alavancagem é, nada mais nada menos do que um empréstimo que o corretor irá fazer ao cliente. Uma alavancagem de 1:10 indica que o corretor está a dar-nos a capacidade de negociar até 10 vezes o nosso capital. Assim, 1000€ traduzem-se em 10000€ de capacidade de negociação.
A alavancagem permite aumentar os nossos ganhos exponencialmente mas, infelizmente, também as nossas perdas. Apesar de termos 10000€ de poder de negociação, assim que só tivermos 300€ (uma perda de 70% do nosso capital inicial), será dada ordem de fecho de todas as nossas posições. A isto dá-se o nome de Margin Call, que iremos falar mais à frente.
Quanto mais alavancagem tivermos, mais juros teremos de pagar ao nosso corretor todos os dias. Sobre o montante que é emprestado ao cliente, será aplicada uma taxa de juro de acordo com a diferença dos pares cambiais que estamos a negociar. Existem casos em que é possível estarmos a ganhar dinheiro devido a termos uma taxa de juro favorável aos clientes.
Assim sendo, numa fase inicial é aconselhável não alavancar muito, dado que a alavancagem pode ser nossa inimiga.

Lotes (ou unidades) a Negociar por Trade

O valor de um lote (ou 1000 unidades) difere de par cambial para par cambial. Isto porque as moedas têm valores diferentes face à moeda do país em que nos encontramos (neste caso o euro em Portugal). Ainda assim, cabe ao investidor ter uma noção do valor que não deve ultrapassar em cada trade. Por exemplo, caso o investidor tenha um capital de 10000€ e esteja a investir 1000€ em cada trade, bastam 10 trades para esse investidor perder todo o capital inicial.
É muito importante saber a percentagem de capital que nunca deveremos ultrapassar e, por isso, fiz o gráfico em cima para dar uma noção dos diferentes valores investidos por trade. Mais uma vez consideramos um capital inicial de 10000€.
A realidade é que apostar 10% do nosso capital é muito arriscado nos pares cambiais. Com 10 trades perdedores consecutivos, podemos observar que a conta deixa de ter capital, o que é francamente desapontante para esse investidor. Existe uma probabilidade grande que 10 trades perdedores consecutivos existam. Basta pensar que o investidor não está a seguir o seu plano delineado, não está a ser feita uma correta análise ou então que simplesmente os mercados financeiros estejam num mau trimestre.
Um investimento de 5% por trade já nos dá uma almofada maior, mas com 20 trades consecutivos para que o investidor perca a totalidade do capital investido, ainda é algo que não se encontra muito bem na minha gestão do risco pessoal.
Já o investimento de 2% nos deixa com 50 trades negativos para que a conta fique a 0. É uma boa opção dado que estamos a fazer uma boa gestão do risco, ao deixar que o investidor se aperceba que o seu plano de trading poderá não ser o melhor ou que não esteja a seguir o seu plano. Esta almofada dá ao investidor a possibilidade de se aperceber que alguma coisa está a correr mal e mudar a estratégia a tempo de recuperar algum capital perdido.
Finalmente o investimento de 1% é o mais seguro, mas ao mesmo tempo o que poderá dar menos rendimento no longo prazo. Com 100 trades para a conta chegar a 0, é um tipo de gestão de risco aconselhado para os investidores mais aversos ao risco, mas que ainda assim queiram investir nos pares cambiais.
Assim, cabe ao investidor escolher a estratégia que lhe dá um risco beneficio interessante para a sua conta e para o seu plano de trading.

Margin Call

O Margin Call, ou a margem mínima de manutenção, é uma forma de protecção do investidor. Todas as contas de trading normalmente têm este tipo de protecção, completamente gratuita. Por norma os investidores com menos conhecimentos não gostas desta protecção porque lhes fecha as posições sem que os clientes queiram, mas é um mecanismo que lhes serve para proteger a sua conta de possíveis perdas.
Como é um conceito algo complexo, vamos dar um exemplo:
Imaginemos um investidor com €1000 de capital depositado num corretor com uma margin call de 35% e uma alavancagem de 1:10. Com isto, o investidor utiliza os €10000 que tem para investir numa acção muito volátil (sendo que €1000 é do investidor e €9000 do corretor).
No dia seguinte o investidor abre a sua plataforma e vê que o seu investimento desvalorizou 7%. As acções valiam agora €9300, sendo que o investidor ficou com €300 na sua conta (perdeu os seus €700, apesar de continuar com um empréstimo ao corretor no valor de €9000).
Infelizmente a plataforma de trading tinha um aviso. O investidor apenas tem um dia para colocar mais €50 na conta, ou a corretora está no direito de fechar a sua ordem, de forma a proteger as perdas do investidor. Vemos que o investidor apenas ficou com 30% do capital investido, mas a corretora obriga a que os clientes tenham no mínimo 35% de forma a assegurar que os seus clientes não percam mais do que o valor inicialmente investido.
Neste caso podemos observar que o investidor não teve uma correta gestão do risco, podendo vir a ser castigado com uma perda de 700€ caso não deposite €50.

Notas Finais

Antes de começar a investir em mercados financeiros é necessário avaliarmos a nossa gestão do risco. Uma gestão do risco eficiente irá prolongar o sucesso dos investimentos, prevenindo perdas avultadas e permitindo a correta avaliação do nosso plano de investimento.
Nunca é demais dizer que o investimento em pares cambiais ou em futuros poderá significar perdas superiores ao capital investido.




terça-feira, 26 de julho de 2016

Como Interpretar Fichas Morningstar

Como investidores de fundos de investimento, por vezes encontramos indicadores que poderemos não entender plenamente. Hoje vamos utilizar uma ficha Morningstar, lançada pelo Banco Best, ao fundo Franklin Biotech.
Assim sendo, vamos começar a interpretar indicadores.

Gráfico

O gráfico indicam-nos duas coisas bastante importantes. De forma a conseguirmos garantir um investimento activo com mais valias face a um investimento passivo, temos de observar se o fundo consegue alcançar uma rendibilidade mais alta que o índice que tenta "bater". No caso do fundo em cima, o fundo fica abaixo da rendibilidade do mercado. Existe um indicador que nos vai dizer a mesma informação.

Medidores de Risco

Alfa

O alfa dá a mesma interpretação que podemos ver no gráfico. É utilizado para medir a qualidade do modelo de gestão, e não existe qualquer razão para não haver outro. Um valor de alfa positivo significa que o fundo está a ter mais valias que o mercado, ou seja, que está a acrescentar valor à sua carteira. No caso do fundo em cima podemos ver, mais uma vez, que a equipa de gestão não está a conseguir bater o mercado.

Beta

O beta indica-nos, de certa maneira, a volatilidade do fundo face ao mercado. Um valor de 1 é equivalente ao fundo ter um movimento equivalente ao mercado. Valores superiores a 1 indicam-nos que o fundo terá valorizações superiores ao mercado (tanto para cima, como para baixo), e valores inferiores a uma unidade dão-nos o resultado de que o fundo é menos sensível aos movimentos do índice. No caso em análise podemos traduzir que uma variação de 10% no índice nos dá uma variação de 11,5% aos investidores.

R^2

Diria que este indicador é o segundo mais importante para medir o desempenho da equipa de gestão. Oscila entre 0 e 100, em que o valor 100 nos indica que a equipa de gestão copia o índice que tenta "bater". É aqui que muitos fundos são alvos de críticas por copiarem o mercado e cobrarem uma percentagem de custos de gestão, apesar de não acrescentarem valor ao fundo. Por norma, é aceitável existirem fundos com valores de 0 a 70, tendo em conta que copiam, no máximo, 70% do mercado.
No caso em análise, a equipa de gestão copia o índice em cerca de 77%.

Rácio de Informação

O Rácio de Informação mede a competência do gestor e da sua equipa de investimentos. É calculado usando o retorno activo do gestor a dividir pelo risco assumido por esse retorno. Valores altos neste indicador indicam retornos muito maiores relativamente ao risco assumido. No caso em cima podemos verificar que existe um valor negativo, indicando uma má gestão do risco pela equipa de investimentos.

Tracking Error

Este indicador diz-nos até que ponto é que o gestor é ativo. Elevados valores indicam que o gestor se afasta bastante do seu índice de referência. No caso em análise podemos observar que o gestor se afasta do seu índice de referência.

Rácio de Sharpe

O rácio de sharpe é um indicador que relaciona o retorno com o risco assumido. Através do valor indicado, podemos determinar se um fundo teve melhor desempenho do que um ativo isento de risco. Para o fundo alcançar valores positivos é necessário que tenha um desempenho superior ao do activo isento de risco. Valores elevados indicam um bom desempenho em termos de rendibilidade, ou em termos de baixo risco. Podemos interpretar o valor indicado no caso em análise como um retorno quase igual ao activo sem risco.

Desvio Padrão (a 3 anos)

Este indicador é calculado através da raiz quadrada da volatilidade, como alguns estudantes de estatística se devem lembrar. Através deste indicador poderemos determinar o risco do fundo, tendo em conta a variação registada nos anos em análise. Valores mais altos indicam uma variação mais agressiva dos rendimentos, enquanto que valores mais baixos representam uma variação mais baixa.
O fundo em análise tem um desvio padrão de quase 30%. Se, no ano passado a rendibilidade do fundo foi de 30%, poderemos interpretar que os investidores poderiam ter ganho 60% ou 0% durante o período que esse fundo esteve em carteira.

Notas Finais

Vamos agora analizar o fundo no seu global. Como já devem ter reparado, durante esta mensagem não me faltaram criticas em relação a este fundo. Ainda assim, convém escrever objectivamente as razões que me levaram a criticar o fundo.
Não iria investir num fundo que não é activo o suficiente (R^2), é simultaneamente mais volátil que o mercado e com um desvio padrão demasiado elevado (Beta e Desvio Padrão) e, finalmente, não tem um valor positivo no rácio de informação.
Neste artigo não referi o sector do fundo, pelo que irei fazer uma análise a outras zonas da folha da Morningstar noutros artigos.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O que são Correlações?

Hoje o texto que vos escrevo é relativo à segunda parte da diversificação da nossa carteira. Podem ler o primeiro artigo aqui.

Esta parte é um tema mais difícil, mas fundamental para efectuarmos uma correcta diversificação dos nossos investimentos. Então cá vai.
É muito raro ouvirmos falar em correlações. Por norma observamos esse indicador nos depósitos indexados do banco invest, como o exemplo na imagem em baixo.

A correlação mede a o comportamento entre duas acções. Caso duas acções tenham movimentos semelhantes, o indicador vai apresentar um valor mais próximo de 1 do que no caso de duas acções completamente diferentes. Nos casos extremos, 1 indica que duas acções têm comportamentos iguais e -1 indica que duas acções têm comportamentos opostos. Para ser mais fácil entender este conceitos, vamos indicar três exemplos que ilustram do melhor modo este fenómeno.

Correlação superior a 0,3

No exemplo em cima temos duas acções, A e B. A evolução nos primeiros 7 meses do ano destas duas acções apesenta uma correlação de 0,94. Esta correlação é tão alta pois, como podemos observar pelo gráfico, as duas acções têm evoluções e amplitudes muito semelhantes (quase iguais). Assim sendo, não é de todo aconselhado diversificar, dado que estamos quase a investir na mesma acção. É possível encontrar correlações destas entre duas acções do mesmo sector, do mesmo país, ou que pertençam à mesma empresa.

Correlação entre -0,3 e 0,3

Nesta situação, as acções X e Y apresentam uma correlação de 0,06. Como podemos observar pelo gráfico, não existe uma tendência definida entre estas duas acções. O ideal é diversificar em acções com uma correlação inferior a 0,3. Tendo em conta que as acções têm um comportamento semelhante em menos de 30% das vezes, quando um setor está abaixo da tendência do mercado, o outro sector não é influenciado por esse mau desempenho.

Correlação inferior a -0,3

Nesta correlação podemos ver duas acções, L e M, com uma correlação negativa perto de 1. Esta correlação negativa indica que, quando uma acção sobe X%, a outra desce na mesma amplitude. quase 90% das vezes.
Como exemplo de dois produtos inversamente semelhante temos o S&P500 e o Ouro. Quando os investidores têm uma maior apetência pelo risco, verificamos um movimento positivo no S&P e, quando se sentem com receio em relação ao mercado, optam pelo Ouro,
Para os investidores com uma aversão ao risco, é viável optar por uma diversificação que, num caso raro em que vários sectores revelam perdas, a carteira apresenta sempre uma evolução positiva. 

Notas Finais

É necessário consultar a correlações com uma certa frequência, a correlação depende do período em análise e pode sofrer fortes alterações com o tempo. Também é necessário verificar se a carteira de investimento está a ter o desempenho desejado.
Nos casos em que as carteiras apresentam uma evolução abaixo da média, convém verificar se não estamos com sobre exposição a um dado sector ou a um dado país.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Como diversificar os nossos investimentos

A diversificação é um dos factores mais importantes para garantir a maior eficiência da nossa carteira. Como existem sempre algumas dúvidas sobre esse assunto, hoje faço uma ligeira introdução ao tema.

Exemplo

Imaginemos que temos uma acção B que queremos investir. Essa acção é de um sector que queremos ter na nossa carteira. Tem um rendimento bastante interessante, mas também tem um risco equivalente. Apresentamos em baixo o gráfico de rendibilidade e risco.

De forma a não passarmos de um rendimento de 2% para uma perda de 5%, é necessário diminuir o risco investindo noutra acção desse mesmo sector, mas com menos volatilidade. Chamemos a essa acção A. A rendibilidade de A e a volatilidade estão na tabela em baixo.
 A volatilidade é metade da acção anterior, mas ainda assim temos alguns períodos negativos. Os períodos positivos revelam uma acção com menos risco, mas também revela menos rendimento para os seus investidores. Ainda assim, esta acção é fundamental para garantir uma boa eficiência nesta carteira composta por duas acções. Em baixo é apresentado a diversificação entre as duas acções, admitindo que este investidor investiu colocou o mesmo capital nas duas acções.
 É evidente que a acção A prejudica a nossa carteira, em relação aos rendimentos positivos, mas beneficia a carteira em períodos negativos. Não podemos ser gananciosos e querer ganhar o máximo, deveremos sim querer ganhar o suficiente para o risco que estamos a assumir (ser eficientes), como se pode ver nesta carteira. A volatilidade da nossa carteira está a uns estáveis 2,80%, ao mesmo tempo que a rendibilidade foi estabilizada.
No gráfico em baixo temos a rendibilidade das duas acções em cima. A linha amarela representa a rendibilidade ao diversificarmos, em detrimento de termos apenas uma das acções na nossa carteira.
Acima de tudo, diversificar traz vantagens, mas também desvantagens. Vamos verificar então os dois espectros da diversificação.

Vantagens

  • Diminui o risco da nossa carteira;
  • Previne a perda de capital caso uma das empresas esteja com dificuldades: A Apple tem estado com problemas relativamente a terem falhado as expectativas dos analistas. Com a diversificação teríamos uma perda menor dado que teríamos mais empresas do setor na carteira;
  • Permite estabilizar a rendibilidade global da nossa carteira;
  • Dá mais valias proporcionais aos diferentes sectores de mercado;
  • Facilidade de diversificação com baixo capital: Os ETF's e os fundos de investimento são ideais para diversificarmos os nossos investimentos;
  • Permite ajustar a agressividade do portefólio: Podemos definir uma percentagem para ajustar a agressividade do portefólio. Portefólios mais agressivos colocam mais capital em acções mais arriscadas.

Desvantagens

  • É necessário equilibrar o portefólio: A cada ano que passa, dado que uma acção dá mais rendibilidade que outra, teremos de vender algumas acções de uma delas para manter a percentagem de investimento em cada uma;
  • Alguma perda de rendibilidade: Dado que diversificamos, as acções com mais rendibilidade vão ser diluidas por acções com menos rendibilidade;
  • Custos de transacção: No caso em que o investimento seja em acções diretas, a cada acção que colocamos na carteira estamos a aumentar os custos de transacção. É, por isso, ideal diversificar através de fundos de investimento ou ETF's.

Notas Finais

Pudemos observar que a diversificação é um tema crucial para o bom desempenho dos nossos investimentos. Uma diversificação deficiente poderá comprometer ganhos futuros e, inclusive, significar perda de capital. Assim, é fundamental diversificarmos através de um conjunto de acções, de setores ou de países, para garantir o sucesso dos nossos investimentos.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

O que fazer com Baixas Taxas de Juro?

As baixas taxas de juro são bastante positivas, ou negativas, dependendo do lado em que estamos.
Para quem antecipa consumo futuro através de um empréstimo bancário (seja habitação, automóvel ou pessoal) tem uma taxa de juro (Euribor) e um spread associado, pagando juros pelo empréstimo. Quem poupa dinheiro para consumo futuro recebe juros que podem ajudar a combater a inflação.

Mas, o que é a Taxa Euribor?

A taxa euribor é conhecida por muitos Portugueses. Esta taxa de juro é a taxa de referência nos empréstimos pessoais e empréstimos à habitação. Dependendo do modo como é revista, a prestação que pagamos está dependente desta taxa.
Assim sendo, nos últimos meses assistimos a uma descida acentuada desta taxa. A descida foi tão grande que está atualmente negativa.
A tabela da taxa euribor nos vários períodos é atualmente esta. De acordo com as políticas monetárias do Banco Central Europeu poderemos vir a assistir valores negativos nas taxas de juro durante os próximos meses ou anos.

Porque coloca o BCE taxas negativas na Euribor?

A taxa Euribor serve apenas para uma coisa, controlar o nível de inflação de um grupo de países. No caso dos países da zona Euro, o BCE gosta de manter a inflação em níveis perto dos 2%. Quando a inflação é superior aumenta a taxa de juro e, quando é inferior diminui a taxa de juro.
Essas variações geram períodos de investimento quando a taxa Euribor está baixa e geram períodos de poupança quando a taxa Euribor está alta. A taxa Euribor faz variar a taxa dos depósitos a prazo nos bancos, considerados depósitos sem risco, na mesma proporção que a variação na taxa euribor. Por exemplo, hoje em dia vemos que os bancos têm taxas de juro quase iguais a 0% TANB, quando em ano anteriores tínhamos 2% ou 3%.
Imaginando que somos um investidor e queremos abrir um novo negócio. No plano de negócios verificamos que esse negócio gera um retorno de 5% ao ano. Nesse mesmo ano os bancos tinham depósitos a prazo com uma TANB de 5% por 2 anos. Neste caso é melhor para o investidor aplicar esse valor num depósito a prazo, dado que obtém o mesmo rendimento e, neste caso, é uma taxa garantida sem qualquer risco.

Onde Investir com baixas taxas de juro?

A situação em cima não é o que acontece neste ano (2016). Com os depósitos a prazo a apresentarem taxas perto dos 0% TANB, o investimento é largamente fomentado. Hoje em dia os bancos incentivam os empreendedores e investidores a pedirem empréstimos (pagando juros quase nulos) para investir no mercado, e aumentar a inflação.
Para os investidores de fundos de investimento, acções e obrigações, infelizmente a situação não é melhor. As empresas beneficiam das baixas taxas de juro, mas neste momento as acções estão a ser negociadas com múltiplos de lucros demasiado elevados. As obrigações são quase inexistentes e, quando existem, são a uma taxa mais baixa. A realidade é que as empresas beneficiam das baixas taxas de juro como os particulares, pelo que não necessitam de obrigações para se financiarem.
A realidade é que os investimento comuns estão a ter um rendimento mais baixo do que era espectável. Sejam acções, obrigações, metais preciosos, o triste desafio é revelado quando os investidores vão ser premiados com um rendimento inferior, com o mesmo risco.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O que é o Hedge Cambial?

Verifiquei que alguns leitores estão a comprometer as suas carteiras devido ao facto de não saberem o que é o Hedge Cambial. Infelizmente, ao diversificarmos os nossos investimentos estamos a proteger de perdas mas, ao mesmo tempo, poderemos estar a aumentar o risco na nossa carteira.

O Hedge é uma palavra inglesa que se pode traduzir para Cobertura. O Hedge Cambial (ou cobertura cambial) é, nada mais nada menos, do que a protecção face a outras moedas. Ao investirmos em acções ou sectores norte-americanos, temos de nos proteger face à variação do USD contra o Euro. Se residem no Reino Unido e investem em países da moeda única, então precisam de se proteger da variação entre a libra e o euro. Efetivamente o conceito é este.

Vamos então para um exemplo mais prático. Imaginem que, em 2013 investimos 1000€ na coca-cola, uma empresa cotada na bolsa norte americana. De forma a simplificar o esquema, assumimos que 1000€ é igual a 1000USD, Mantemos esse investimento até 2015, quando queremos vender as acções. O gráfico de valorização é o seguinte:
 
Em 3 anos, os 1000USD valorizaram para 1380USD, mas em Euros isso traduz-se em quê?
Nesses mesmos 3 anos, a valorização do USD/EUR foi negativa, ou seja, o dólar valorizou-se face ao euro. Essa valorização significa que o nosso investimento na coca-cola já não traz um rendimento de 1380€, mas sim menos.
O cálculo foi feito de modo a que a perda cambial seja de 380€ ou seja, o nosso investimento gerou um retorno de 0% ou 0€ (se não contarmos com a inflação nestes três anos).

Este exemplo foi o ideal para demonstrar o risco de investir noutras moedas, assim como a importância de fazermos uma protecção cambial aos nossos investimentos.
Quando investimos diretamente em acções ou obrigações é mais difícil sermos nós próprios a fazer essa cobertura cambial, mas no caso de fundos de investimento já é muito mais simples.
 
Existem fundos de investimento que já têm o hedge cambial incluído na compra. Ao investirmos num determinado país ou setor, estamos também protegidos face à volatilidade cambial que esses investimentos podem ter. Como a imagem mostra, esse tipo de fundos de investimento podem ser filtrados numa pesquisa simples.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Curiosidades sobre as nossas Poupanças

Hoje inicio uma nova rúbrica sobre o investimento mais importante que temos, o investimento para a nossa reforma.
Antes de entrar num tema bastante complicado e aborrecido, começo por curiosidades sobre as nossas poupanças. Neste artigos vamos, então, analisar os benefícios de reforçar os nossos investimentos, a diferença entre os valores a reforçar e, o mais importante de tudo, a diferença que faz entre um investimento passivo e um investimento ativo.

Pressupostos

Durante a nossa vida encontramos fases em que é bastante difícil poupar. Comprar carro, ter filhos, comprar uma casa e casar são fases importantes da nossa vida. Já para os investimentos não são tão bons, já que não ajudam a constituir um bom pé de meia para a nossa reforma.
Mas isso não é impedimento de nada. É neste artigo que vemos como é fácil poupar e chegar a um bom pé de meia.
Assim sendo, assumimos que a pessoa vai começar a poupar aos 30 anos, com 1000€ e, 30 anos mais tarde (aos 60 anos) veremos os resultados que apenas 1000€ podem fazer.
Vamos assumir que o seu investimento terá um rendimento de 10% ao ano. É verdade que nalguns anos é possível perder dinheiro mas, ao observarmos o investimento no seu todo, o rendimento anualizado é de 10%.

Reforçar o Investimento vs. Não Reforçar

Reforçar os nossos investimentos é fundamental para o sucesso da nossa carteira, no longo prazo. Ao reforçarmos estamos a colocar mais capital na nossa carteira, aumentando a nossa valorização e, assim, o nosso valor final. O gráfico abaixo elucida a diferença entre reforçar e não reforçar.



Basta observar o gráfico para se notar uma enorme diferença. Durante 30 anos estes foram os resultados de reforçar 100€ ao fim de cada ano:
Com Reforço: 35543,74€
Sem Reforço: 19194,34€
Diferença: 16349,40€

De forma resumida, em 30 anos poupar 100€ por ano e reforçar o nosso investimento quase que duplica o valor final. É muito interessante ver o que uma centena de euros faz ao longo de tanto tempo.

Qual é o Valor a Reforçar?

Uma vez que já observámos os benefícios de reforçar a nossa carteira, vamos aumentar um pouco a complexidade do reforço. Desta vez vamos imaginar que conseguimos poupar, por ano, 200€. Desta vez estamos a poupar o dobro e, em contrapartida, apenas vamos poupar essa quantia nos primeiros 15 anos. Os outros Dos 45 aos 60 anos não vamos poupar nada, gastando todo o salário que ganhámos.


 A reta azul mantém-se com o reforço de 100€ durante os 30 anos, enquanto que a reta verde é a situação explicada em cima. Vamos ao valor final:
Com reforço de 100€: 35543,74€
Com reforço de 200€ nos primeiros 15 anos: 45738,65€
Diferença: 10194,91€

O valor a reforçar é tão importante como o ato de reforçar os investimentos. Só o facto de reforçarmos o dobro no inicio do nosso investimento traduz-se em mais de 10000€ no final do nosso investimento.

Investimento Passivo vs. Investimento Ativo

Quem costuma ler o meu blogue sabe que estou sempre a reforçar a diferença entre dois tipos de investimento. O investimento ativo, que quase todos conhecemos, e o investimento passivo, que poucos conhecem. O investimento ativo (ex: Fundos de investimento) é um tipo de investimento em que os gestores tentam bater o mercado em que competem. Já o investimento passivo (vulgos ETF's ou investimento direto em ações) segue apenas as tendências do mercado. O investimento ativo, por ser um investimento que tenta bater o mercado, cobra comissões de gestão sobre os ganhos ou perdas (2% ou 3% e alguns casos que chega aos 5%). Para este caso, a comissão de gestão será de 2% sobre o rendimento). Assim sendo, este gráfico mostra a diferença entre os dois investimentos.
No longo prazo é certo e sabido que um gestor ativo não consegue bater o mercado, o que se traduz numa perda para os investidores. Ainda assim, vamos assumir que um gestor ativo consegue igualar o mercado que tenta bater. Assim sendo, o investimento ativo terá um rendimento de 10% (o mesmo que a % de rendimentos em cima) e o investimento passivo terá um rendimento de 12% (esse rendimento corresponde ao rendimento que o mercado teve, mas sem uma comissão de gestão de 2%).

Este ganho de 2% traduz-se em:
Investimento Ativo: 35543,74€
Investimento Passivo: 57688,38€
Diferença: 22144,64€

Os instrumentos financeiros utilizados assumem uma posição dominante no valor final da carteira de investimento. A diferença de 2% ao longo de 30 anos causam uma diferença de mais de 22000€.

Nota Final

Espero que este artigo vos tenha elucidado sobre o tema aborrecido, mas importante, que é a nossa poupança para a reforma. Com os dados deste artigo é garantido que melhorem a eficiência do vosso portefólio.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Raize: Uma revolução nos Empréstimos P2B

Hoje apresento aos meus leitores a Raize.


Esta plataforma de investimentos existe desde 2014 e começou a ficar conhecida depois de ter sido finalista no prémio de inovação da NOS em 2015. Este não foi o único prémio ganho por esta plataforma, tendo conseguido vencer o prémio de Start-Up do ano, entregue pela ACEPI - Associação da Economia Digital em Setembro de 2015.

Antes de falarmos sobre a plataforma em si, temos de ter em conta a posição dos bancos no financiamento das empresas.  Cerca de 40% das PME's (Pequenas e Médias Empresas) financiam-se junto dos bancos com montantes inferiores a 20.000€. Os bancos vão buscar estes montantes aos depósitos a prazo e outros produtos de baixo risco, depositados pelos clientes. Efectivamente os depositantes do banco recebem cerca de 1,5% do valor depositado (o que, às vezes, nem chega para a inflação) e o banco cobra às empresas cerca de 10%. O banco ganha a diferença entre os dois empréstimos. O problema começa com os bancos a cortarem estes financiamentos, colocando as empresas mais limitadas para se financiarem.

É aqui que a Raize entra. Esta plataforma de empréstimos P2B (Person to Business) é uma revolução em Portugal cortando o intermediário (o banco). Assim, as empresas financiam-se a uma taxa mais baixa e os depositantes ganham um montante superior. Do lado das empresas, apenas é necessário que as mesmas não tenham dividas ao fisco. A Raize torna-se, assim, na 1ª bolsa de empréstimos coletivos em Portugal.



Observando as estatísticas do website, podemos observar que existem cerca de 4300 membros a financiarem as empresas. a TANB (Taxa Anual Nominal Bruta) média é de 6,3% e o montante já financiado ultrapassa 1.500.000€.

A plataforma apresenta uma TANB sugerida em cada empréstimo, sendo esta taxa calculada de acordo com o balanço, a demonstração de resultados e a duração do empréstimo. Os utilizadores também podem ver o relatório completo da empresa dos últimos três anos, assim como o histórico de empréstimos passados desta empresa na plataforma.

Desde Outubro de 2015 que invisto nesta plataforma. Tenho atualmente 15 empréstimos a empresas do continente e ilhas, e posso dizer que me encontro bastante satisfeito. Já houve situações de empresas que demoraram a pagar uma determinada prestação, mas foi caso único e ficou solucionado em poucos dias.

O mercado encontra-se estagnado para os investimentos, e é nestas alturas que um investidor pensa em investimentos alternativos aos depósitos a prazo. Não me sinto ganancioso para investir em empresas de maior risco (risco C), portanto a minha taxa de juro média ronda os 5% de TANB.

Não se esqueçam de diversificar o vosso investimento. O valor mínimo a investir em cada empresa são 20€ e, para quem tem pouco capital, sugiro diversificar para que, se uma empresa deixar de pagar, as outras compensam esse prejuízo potencial.

Recordo também que aqui não existe capitalização dos juros. Todos os meses recebemos uma prestação e, na minha opinião, o certo é colocar esse juro noutro empréstimo a outra empresa, de forma a produzir juro de juro, aumentando os nossos ganhos.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Companhias Aéreas: Quanto Pagam por Combustível?

O ano de 2015 ficou marcado pela descida abrupta dos preços dos combustíveis.



Nos mercados internacionais, os combustíveis caíram de $110 o barril para $50. Uma queda de 50% no preço dos combustíveis. Para nós, que utilizamos os combustíveis no nosso dia a dia, não acumulamos stock desta matéria-prima, mas o mesmo já não se pode dizer das companhias aéreas.

Existem inúmeras companhias aéreas a operar no mercado europeu. As low-cost, como a Ryanair e a EasyJet, e outras como a Tap, a British Airways e a Air France. Estas companhias aéreas têm um desafio pela frente, que passa por colocar um preço de um bilhete futuro sem saber o preço dos combustíveis nesse mesmo futuro.

Algumas companhias aéreas escolhem os futuros como o instrumento financeiro ideal para se precaverem desta variação dos preços dos combustíveis. Como sabem, os futuros permitem que a pessoa compre hoje um ativo que efetivamente irá transaccionar no futuro. Esse ativo tem um preço teórico e é sobre ele que as companhias aéreas muitas vezes se baseiam ao colocar o preço no bilhete. A companhia aérea compra um contrato futuro para se salvaguardar das variações positivas no preço do combustível e, depois, poderá liquidar esse contrato na data do bilhete, garantindo um ganho (caso o preço do combustível seja superior).

No entanto, este resultado pode ter consequências catastróficas, como foi em 2015.
Por exemplo, o CEO da Delta Ed Bastian admitiu à Bloomberg:
“We’ve lost over the last eight years about $4 billion cumulatively on oil hedges”
Infelizmente estas perdas refletem-se nos preços dos bilhetes, imputado esta perda para os clientes. Ainda assim, os dados relativos à quantidade de petróleo que é protegida num contrato de futuro é privada e difere de companhia para companhia. São muitas as empresas a operar no mercado e cada uma tem a sua estratégia, sendo que essa estratégia é um espelho do pensamento dos gestores dos ativos e matérias primas da empresa.

No entanto, companhias como a Delta estão a ser forçadas a aumentar os preços dos bilhetes para manterem os lucros, enquanto que outras companhias como a Ryanair aumentaram os seus lucros graças à diminuição dos preços dos combustíveis.

Vejam aqui os preços atualizados dos combustíveis nos mercados internacionais: http://www.nasdaq.com/markets/crude-oil.aspx?timeframe=3y

sábado, 18 de junho de 2016

DeGiro: A Revolução dos ETF's

Faz hoje precisamente um ano que publiquei no blog esta mensagem: DeGiro: A Revolução das Plataformas Low-Cost.

Foi uma das mensagens mais populares deste blog, e merece um reforço positivo.

Mais uma vez a DeGiro revolucionou o mercado.

Este ano a DeGiro aboliu as comissões em ETF's, com algumas condições. O investimento mínimo é de 1000€ e o mesmo tem de se manter durante pelo menos um mês. A oferta de ETF's é bastante diversificada e tem os melhores instrumentos de negociação. No meio dos 700 ETF's de negociação gratuita, destaca-se a "Vanguard" e a "IShares" com ETF's ideais para garantir um investimento passivo eficiente.

Segundo a DeGiro, esta disponibiliza ETFs sem comissões porque pretende oferecer aos seus investidores uma maior variedade de produtos financeiros. Poderá diferenciar os investimentos e diversificar a carteira sem comissões excessivamente altas.

Os ETF's (Exchange Traded Funds) são fundos de investimento passivo. Este tipo de instrumentos pretendem replicar o Índice que está no detalhe do produto. Como o investidor não tem 6000€ para comprar uma unidade desse Índice, pode comprar 600€ do ETF que replica esse Índice (que corresponde a uma unidade de 6000€ do Índice). As vantagens deste tipo de instrumento é o facto do investidor poder diversificar melhor os seus investimentos e de não pagar tantas comissões ao investir.

Finalizando, é uma mais valia para os investidores passarem os seus investimentos em Fundos de Investimento para ETF's, de forma a alcançarem um maior rendimento.

Consultem a lista dos ETF's sem comissões: https://www.degiro.pt/data/pdf/pt/lista-etfs-sem-comissao.pdf

Website da DeGiro: https://www.degiro.pt/

segunda-feira, 6 de junho de 2016

High Frequency Trading

O que é o High Frequency Trading?


Após ter visto o filme "Jogo do Dinheiro" ou "Money Monster" com o George Clooney, fiquei inspirado para escrever sobre o High Frequency Trading.

O mundo informatizado trouxe-nos bastantes vantagens, como comprar e vender acções ou ver a nossa carteira em tempo real. Mas isso também trouxe algumas desvantagens para todos, como é o caso do High Frequency Trading.

Bem, já falei duas vezes sobre o tema, mas ainda não acrescentei nada de interessante.

Por definição, este fenómeno acontece quando uma empresa (ou particular) cria um software capaz de transaccionar grandes volumes de posições em segundos, ganhando a diferença da compra para a venda. Normalmente o software gere contas sobre as quais tem a certeza que, ao abrir uma janela de negociação como a que está em baixo, vai negociar o volume que está a colocar na janela. O software, em microssegundos, compra o mesmo que o utilizador quer comprar e, ao mesmo tempo, coloca esse mesmo volume no mercado, mas a um preço um pouco mais elevado. O utilizador recebe então um re-quote com um preço um pouco mais elevado (geralmente de 0,001€/$ por acção).

 
 
O utilizador não tem outra hipótese senão comprar por um preço um pouco mais elevado. O lucro da empresa de High Frequency Trading é, então, o spread entre a compra e a venda.
 

Existe um livro dedicado inteiramente ao tema que estou a abordar hoje, e recomendo a leitura a todos. Link: http://bit.ly/1FlashBoys

Flash Boys: A Wall Street Revolt conta a história de um grupo de analistas que se focam num novo projecto: acabar com as transacções duvidosas de entre os vários corretores. De forma resumida, o livro aborda a história de empresas que pagam aos bancos para processar as suas transacções, em troca de as ver por 300 milésimos de segundo (normalmente os bancos têm de pagar para processarem uma transacção). O livro também aborda as licitações por lugares dentro dos servidores dos bancos (os chamados blackpools). As partes mais chocantes do livro são quando os analistas tentam questionar os programadores da mesma empresa a razão do preço das acções desaparecer assim que eles abrem uma janela de negociação.