sexta-feira, 15 de julho de 2016

O que fazer com Baixas Taxas de Juro?

As baixas taxas de juro são bastante positivas, ou negativas, dependendo do lado em que estamos.
Para quem antecipa consumo futuro através de um empréstimo bancário (seja habitação, automóvel ou pessoal) tem uma taxa de juro (Euribor) e um spread associado, pagando juros pelo empréstimo. Quem poupa dinheiro para consumo futuro recebe juros que podem ajudar a combater a inflação.

Mas, o que é a Taxa Euribor?

A taxa euribor é conhecida por muitos Portugueses. Esta taxa de juro é a taxa de referência nos empréstimos pessoais e empréstimos à habitação. Dependendo do modo como é revista, a prestação que pagamos está dependente desta taxa.
Assim sendo, nos últimos meses assistimos a uma descida acentuada desta taxa. A descida foi tão grande que está atualmente negativa.
A tabela da taxa euribor nos vários períodos é atualmente esta. De acordo com as políticas monetárias do Banco Central Europeu poderemos vir a assistir valores negativos nas taxas de juro durante os próximos meses ou anos.

Porque coloca o BCE taxas negativas na Euribor?

A taxa Euribor serve apenas para uma coisa, controlar o nível de inflação de um grupo de países. No caso dos países da zona Euro, o BCE gosta de manter a inflação em níveis perto dos 2%. Quando a inflação é superior aumenta a taxa de juro e, quando é inferior diminui a taxa de juro.
Essas variações geram períodos de investimento quando a taxa Euribor está baixa e geram períodos de poupança quando a taxa Euribor está alta. A taxa Euribor faz variar a taxa dos depósitos a prazo nos bancos, considerados depósitos sem risco, na mesma proporção que a variação na taxa euribor. Por exemplo, hoje em dia vemos que os bancos têm taxas de juro quase iguais a 0% TANB, quando em ano anteriores tínhamos 2% ou 3%.
Imaginando que somos um investidor e queremos abrir um novo negócio. No plano de negócios verificamos que esse negócio gera um retorno de 5% ao ano. Nesse mesmo ano os bancos tinham depósitos a prazo com uma TANB de 5% por 2 anos. Neste caso é melhor para o investidor aplicar esse valor num depósito a prazo, dado que obtém o mesmo rendimento e, neste caso, é uma taxa garantida sem qualquer risco.

Onde Investir com baixas taxas de juro?

A situação em cima não é o que acontece neste ano (2016). Com os depósitos a prazo a apresentarem taxas perto dos 0% TANB, o investimento é largamente fomentado. Hoje em dia os bancos incentivam os empreendedores e investidores a pedirem empréstimos (pagando juros quase nulos) para investir no mercado, e aumentar a inflação.
Para os investidores de fundos de investimento, acções e obrigações, infelizmente a situação não é melhor. As empresas beneficiam das baixas taxas de juro, mas neste momento as acções estão a ser negociadas com múltiplos de lucros demasiado elevados. As obrigações são quase inexistentes e, quando existem, são a uma taxa mais baixa. A realidade é que as empresas beneficiam das baixas taxas de juro como os particulares, pelo que não necessitam de obrigações para se financiarem.
A realidade é que os investimento comuns estão a ter um rendimento mais baixo do que era espectável. Sejam acções, obrigações, metais preciosos, o triste desafio é revelado quando os investidores vão ser premiados com um rendimento inferior, com o mesmo risco.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O que é o Hedge Cambial?

Verifiquei que alguns leitores estão a comprometer as suas carteiras devido ao facto de não saberem o que é o Hedge Cambial. Infelizmente, ao diversificarmos os nossos investimentos estamos a proteger de perdas mas, ao mesmo tempo, poderemos estar a aumentar o risco na nossa carteira.

O Hedge é uma palavra inglesa que se pode traduzir para Cobertura. O Hedge Cambial (ou cobertura cambial) é, nada mais nada menos, do que a protecção face a outras moedas. Ao investirmos em acções ou sectores norte-americanos, temos de nos proteger face à variação do USD contra o Euro. Se residem no Reino Unido e investem em países da moeda única, então precisam de se proteger da variação entre a libra e o euro. Efetivamente o conceito é este.

Vamos então para um exemplo mais prático. Imaginem que, em 2013 investimos 1000€ na coca-cola, uma empresa cotada na bolsa norte americana. De forma a simplificar o esquema, assumimos que 1000€ é igual a 1000USD, Mantemos esse investimento até 2015, quando queremos vender as acções. O gráfico de valorização é o seguinte:
 
Em 3 anos, os 1000USD valorizaram para 1380USD, mas em Euros isso traduz-se em quê?
Nesses mesmos 3 anos, a valorização do USD/EUR foi negativa, ou seja, o dólar valorizou-se face ao euro. Essa valorização significa que o nosso investimento na coca-cola já não traz um rendimento de 1380€, mas sim menos.
O cálculo foi feito de modo a que a perda cambial seja de 380€ ou seja, o nosso investimento gerou um retorno de 0% ou 0€ (se não contarmos com a inflação nestes três anos).

Este exemplo foi o ideal para demonstrar o risco de investir noutras moedas, assim como a importância de fazermos uma protecção cambial aos nossos investimentos.
Quando investimos diretamente em acções ou obrigações é mais difícil sermos nós próprios a fazer essa cobertura cambial, mas no caso de fundos de investimento já é muito mais simples.
 
Existem fundos de investimento que já têm o hedge cambial incluído na compra. Ao investirmos num determinado país ou setor, estamos também protegidos face à volatilidade cambial que esses investimentos podem ter. Como a imagem mostra, esse tipo de fundos de investimento podem ser filtrados numa pesquisa simples.