sexta-feira, 29 de julho de 2016

[Forex] Como fazer Gestão do Risco?

Nos mercados cambiais temos de olhar para a gestão do risco com bons olhos. É verdade que, por vezes os investidores estão tão focados, confiantes e ansiosos que estão dispostos a iniciarem a sua negociação em pares cambiais sem olharem para a gestão do risco.
Infelizmente, este tipo de investidores não estão a investir, estão a apostar.
A gestão do risco é algo que deve ser visto com bons olhos, dado que pode proteger o nosso capital no longo prazo. Através da gestão do risco poderemos alcançar ganhos bastante interessantes se nos mantivermos dentro dos parâmetros que vamos agora abordar.

Capital Inicial

O capital inicial é algo fundamental para negociar pares cambiais. Para fazermos dinheiro é necessário termos dinheiro, mas quanto? O capital inicial deve ser algo muito ponderado pelo investidor, dado que pouco capital inicial poderá limitar o limite da nossa negociação, assim como ter problemas relativamente à aplicação de uma boa gestão do risco.
Existem brokers Portuguesas e Internacionais que permitem a abertura de contas forex com um capital mínimo de $25, mas isso não quer dizer que deveremos começar a negociar com esse capital.
Dependendo dos lotes, ou unidades de compra, poderemos começar a negociar com um capital de €1000.

Alavancagem Indicada

Existem diversos tipos de alavancagem que podemos escolher quando abrimos uma conta numa broker, podendo até alterar essa decisão mais tarde. A alavancagem é, nada mais nada menos do que um empréstimo que o corretor irá fazer ao cliente. Uma alavancagem de 1:10 indica que o corretor está a dar-nos a capacidade de negociar até 10 vezes o nosso capital. Assim, 1000€ traduzem-se em 10000€ de capacidade de negociação.
A alavancagem permite aumentar os nossos ganhos exponencialmente mas, infelizmente, também as nossas perdas. Apesar de termos 10000€ de poder de negociação, assim que só tivermos 300€ (uma perda de 70% do nosso capital inicial), será dada ordem de fecho de todas as nossas posições. A isto dá-se o nome de Margin Call, que iremos falar mais à frente.
Quanto mais alavancagem tivermos, mais juros teremos de pagar ao nosso corretor todos os dias. Sobre o montante que é emprestado ao cliente, será aplicada uma taxa de juro de acordo com a diferença dos pares cambiais que estamos a negociar. Existem casos em que é possível estarmos a ganhar dinheiro devido a termos uma taxa de juro favorável aos clientes.
Assim sendo, numa fase inicial é aconselhável não alavancar muito, dado que a alavancagem pode ser nossa inimiga.

Lotes (ou unidades) a Negociar por Trade

O valor de um lote (ou 1000 unidades) difere de par cambial para par cambial. Isto porque as moedas têm valores diferentes face à moeda do país em que nos encontramos (neste caso o euro em Portugal). Ainda assim, cabe ao investidor ter uma noção do valor que não deve ultrapassar em cada trade. Por exemplo, caso o investidor tenha um capital de 10000€ e esteja a investir 1000€ em cada trade, bastam 10 trades para esse investidor perder todo o capital inicial.
É muito importante saber a percentagem de capital que nunca deveremos ultrapassar e, por isso, fiz o gráfico em cima para dar uma noção dos diferentes valores investidos por trade. Mais uma vez consideramos um capital inicial de 10000€.
A realidade é que apostar 10% do nosso capital é muito arriscado nos pares cambiais. Com 10 trades perdedores consecutivos, podemos observar que a conta deixa de ter capital, o que é francamente desapontante para esse investidor. Existe uma probabilidade grande que 10 trades perdedores consecutivos existam. Basta pensar que o investidor não está a seguir o seu plano delineado, não está a ser feita uma correta análise ou então que simplesmente os mercados financeiros estejam num mau trimestre.
Um investimento de 5% por trade já nos dá uma almofada maior, mas com 20 trades consecutivos para que o investidor perca a totalidade do capital investido, ainda é algo que não se encontra muito bem na minha gestão do risco pessoal.
Já o investimento de 2% nos deixa com 50 trades negativos para que a conta fique a 0. É uma boa opção dado que estamos a fazer uma boa gestão do risco, ao deixar que o investidor se aperceba que o seu plano de trading poderá não ser o melhor ou que não esteja a seguir o seu plano. Esta almofada dá ao investidor a possibilidade de se aperceber que alguma coisa está a correr mal e mudar a estratégia a tempo de recuperar algum capital perdido.
Finalmente o investimento de 1% é o mais seguro, mas ao mesmo tempo o que poderá dar menos rendimento no longo prazo. Com 100 trades para a conta chegar a 0, é um tipo de gestão de risco aconselhado para os investidores mais aversos ao risco, mas que ainda assim queiram investir nos pares cambiais.
Assim, cabe ao investidor escolher a estratégia que lhe dá um risco beneficio interessante para a sua conta e para o seu plano de trading.

Margin Call

O Margin Call, ou a margem mínima de manutenção, é uma forma de protecção do investidor. Todas as contas de trading normalmente têm este tipo de protecção, completamente gratuita. Por norma os investidores com menos conhecimentos não gostas desta protecção porque lhes fecha as posições sem que os clientes queiram, mas é um mecanismo que lhes serve para proteger a sua conta de possíveis perdas.
Como é um conceito algo complexo, vamos dar um exemplo:
Imaginemos um investidor com €1000 de capital depositado num corretor com uma margin call de 35% e uma alavancagem de 1:10. Com isto, o investidor utiliza os €10000 que tem para investir numa acção muito volátil (sendo que €1000 é do investidor e €9000 do corretor).
No dia seguinte o investidor abre a sua plataforma e vê que o seu investimento desvalorizou 7%. As acções valiam agora €9300, sendo que o investidor ficou com €300 na sua conta (perdeu os seus €700, apesar de continuar com um empréstimo ao corretor no valor de €9000).
Infelizmente a plataforma de trading tinha um aviso. O investidor apenas tem um dia para colocar mais €50 na conta, ou a corretora está no direito de fechar a sua ordem, de forma a proteger as perdas do investidor. Vemos que o investidor apenas ficou com 30% do capital investido, mas a corretora obriga a que os clientes tenham no mínimo 35% de forma a assegurar que os seus clientes não percam mais do que o valor inicialmente investido.
Neste caso podemos observar que o investidor não teve uma correta gestão do risco, podendo vir a ser castigado com uma perda de 700€ caso não deposite €50.

Notas Finais

Antes de começar a investir em mercados financeiros é necessário avaliarmos a nossa gestão do risco. Uma gestão do risco eficiente irá prolongar o sucesso dos investimentos, prevenindo perdas avultadas e permitindo a correta avaliação do nosso plano de investimento.
Nunca é demais dizer que o investimento em pares cambiais ou em futuros poderá significar perdas superiores ao capital investido.




terça-feira, 26 de julho de 2016

Como Interpretar Fichas Morningstar

Como investidores de fundos de investimento, por vezes encontramos indicadores que poderemos não entender plenamente. Hoje vamos utilizar uma ficha Morningstar, lançada pelo Banco Best, ao fundo Franklin Biotech.
Assim sendo, vamos começar a interpretar indicadores.

Gráfico

O gráfico indicam-nos duas coisas bastante importantes. De forma a conseguirmos garantir um investimento activo com mais valias face a um investimento passivo, temos de observar se o fundo consegue alcançar uma rendibilidade mais alta que o índice que tenta "bater". No caso do fundo em cima, o fundo fica abaixo da rendibilidade do mercado. Existe um indicador que nos vai dizer a mesma informação.

Medidores de Risco

Alfa

O alfa dá a mesma interpretação que podemos ver no gráfico. É utilizado para medir a qualidade do modelo de gestão, e não existe qualquer razão para não haver outro. Um valor de alfa positivo significa que o fundo está a ter mais valias que o mercado, ou seja, que está a acrescentar valor à sua carteira. No caso do fundo em cima podemos ver, mais uma vez, que a equipa de gestão não está a conseguir bater o mercado.

Beta

O beta indica-nos, de certa maneira, a volatilidade do fundo face ao mercado. Um valor de 1 é equivalente ao fundo ter um movimento equivalente ao mercado. Valores superiores a 1 indicam-nos que o fundo terá valorizações superiores ao mercado (tanto para cima, como para baixo), e valores inferiores a uma unidade dão-nos o resultado de que o fundo é menos sensível aos movimentos do índice. No caso em análise podemos traduzir que uma variação de 10% no índice nos dá uma variação de 11,5% aos investidores.

R^2

Diria que este indicador é o segundo mais importante para medir o desempenho da equipa de gestão. Oscila entre 0 e 100, em que o valor 100 nos indica que a equipa de gestão copia o índice que tenta "bater". É aqui que muitos fundos são alvos de críticas por copiarem o mercado e cobrarem uma percentagem de custos de gestão, apesar de não acrescentarem valor ao fundo. Por norma, é aceitável existirem fundos com valores de 0 a 70, tendo em conta que copiam, no máximo, 70% do mercado.
No caso em análise, a equipa de gestão copia o índice em cerca de 77%.

Rácio de Informação

O Rácio de Informação mede a competência do gestor e da sua equipa de investimentos. É calculado usando o retorno activo do gestor a dividir pelo risco assumido por esse retorno. Valores altos neste indicador indicam retornos muito maiores relativamente ao risco assumido. No caso em cima podemos verificar que existe um valor negativo, indicando uma má gestão do risco pela equipa de investimentos.

Tracking Error

Este indicador diz-nos até que ponto é que o gestor é ativo. Elevados valores indicam que o gestor se afasta bastante do seu índice de referência. No caso em análise podemos observar que o gestor se afasta do seu índice de referência.

Rácio de Sharpe

O rácio de sharpe é um indicador que relaciona o retorno com o risco assumido. Através do valor indicado, podemos determinar se um fundo teve melhor desempenho do que um ativo isento de risco. Para o fundo alcançar valores positivos é necessário que tenha um desempenho superior ao do activo isento de risco. Valores elevados indicam um bom desempenho em termos de rendibilidade, ou em termos de baixo risco. Podemos interpretar o valor indicado no caso em análise como um retorno quase igual ao activo sem risco.

Desvio Padrão (a 3 anos)

Este indicador é calculado através da raiz quadrada da volatilidade, como alguns estudantes de estatística se devem lembrar. Através deste indicador poderemos determinar o risco do fundo, tendo em conta a variação registada nos anos em análise. Valores mais altos indicam uma variação mais agressiva dos rendimentos, enquanto que valores mais baixos representam uma variação mais baixa.
O fundo em análise tem um desvio padrão de quase 30%. Se, no ano passado a rendibilidade do fundo foi de 30%, poderemos interpretar que os investidores poderiam ter ganho 60% ou 0% durante o período que esse fundo esteve em carteira.

Notas Finais

Vamos agora analizar o fundo no seu global. Como já devem ter reparado, durante esta mensagem não me faltaram criticas em relação a este fundo. Ainda assim, convém escrever objectivamente as razões que me levaram a criticar o fundo.
Não iria investir num fundo que não é activo o suficiente (R^2), é simultaneamente mais volátil que o mercado e com um desvio padrão demasiado elevado (Beta e Desvio Padrão) e, finalmente, não tem um valor positivo no rácio de informação.
Neste artigo não referi o sector do fundo, pelo que irei fazer uma análise a outras zonas da folha da Morningstar noutros artigos.