quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Porque razão existem Obrigações com taxas negativas?

Começamos hoje com uma imagem. O gráfico em cima mostra as taxas de juro de $47,3 biliões em obrigações, dentro de 24 moedas diferentes e desde obrigações de países em desenvolvimento e países desenvolvidos. O resultado do gráfico mostra uma tendência algo preocupante. Mais de 20% das obrigações emitidas são a juros negativos, e mais de metade têm uma taxa de juro inferior a 1%.

Mas porque razão isto está a acontecer?

Apesar de existirem obrigações com taxas de juros negativas desde 2012, este fenómeno aumentou desde que o Banco Central Europeu decidiu cortar a taxa de depósitos para valores negativos em 2014. Assim, o BCE está a fomentar o crescimento da sua economia, aliciando os investidores para retornos mais apelativos em outras áreas de investimento como Acções, Futuros e Obrigações de países em desenvolvimento.
Com isto a acrescer ao facto do Reino Unido ter perdido para sair da União Europeia e haver suspeitas de que o sistema bancário Italiano está com problemas graves, os investidores estão com bastante receio do futuro.

Em alturas de volatilidade os investidores não têm muito por onde escolher. Se continuarem com os seus investimentos nessas zonas geográficas vão ter períodos de elevada volatilidade e vão perder dinheiro, mas ao investirem nesta obrigações têm a segurança de que vão perder apenas uma percentagem do seu capital.
Para nós, os pequenos investidores, não existem razões para alterarmos a nossa carteira, mas convém entendermos o que está a acontecer na Europa e no mundo.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Qual o melhor Supermercado de Fundos de Investimento

Em 2015 o Observador colocou um artigo a falar sobre os supermercados de fundos. Agora, em 2017, vamos abordar este tema pela primeira vez aqui. Ora bem, quando falamos em supermercados de fundos de investimento falamos em bancos que têm todo o tipo de fundos de investimento, de várias gestoras nacionais e internacionais.

A Banca Tradicional

Infelizmente a oferta disponível na banca tradicional é muito pobre. Como a banca tradicional procura clientes que queiram créditos, depósitos a prazo, cartões de crédito e seguro, o negócio foge do investimento na oferta de fundos de investimento. Não se devem subscrever fundos de investimento através da banca nacional dado que a oferta é muito pobre, mas existem casos pontuais.
Existem fundos de investimento nacionais bastante interessantes e disponíveis para subscrição através da banca tradicional. Um exemplo é o NB Obrigações Europa, disponível para subscrição no Novo Banco.

Uma simples leitura do website do Santander indica que todos os fundos disponíveis para subscrição são do Santander. O Millennium BCP já tem uma oferta maior, apresentando uma oferta de 161 fundos de investimento com alguma oferta internacional. Ainda assim, essa oferta fica muito distante da banca online, que vamos falar em seguida.

A Banca Online

É aqui onde existe mais oferta de fundos de investimento. através do seu gestor de conta pode obter conselhos sobre que produtos subscrever e a alocação mais desejada para o seu perfil de risco.

O banco Best lidera a oferta de fundos de investimento. São 2854 fundos disponíveis para o investidor escolher. Por isso mesmo é que é importante falar com o seu gestor de conta, pois um investidor pode-se sentir perdido no meio de tanta oferta.

O BIG fica em segundo lugar com um total de 1071 fundos disponíveis. Apesar duma robusta oferta, a realidade é que o banco conta com o Fund Advisor para aconselhar os clientes acerca dos fundos que deve escolher, de acordo com o seu perfil de risco.

O Activobank tem uma oferta de fundos de investimento mais pobre, apenas com 634. Aqui já se nota algumas limitações na oferta aos investidores. Já houve vezes em que questionei sobre fundos de investimento de obrigações com dividendos e foi-me negado pois não existia oferta para a minha procura. Felizmente o banco Best tinha essa oferta e pude subscrever um fundo de obrigações junto do banco Best. No entanto o Activobank pode ter mínimos de subscrição mais brandos. Já tive fundos que reforcei através do Activobank pois apenas necessitava de reforçar com um mínimo de 50€, em vez dos 1000€ pedidos no banco Best. Como é óbvio isto são situações pontuais, que o investidor pode ver caso a caso quando escolher os fundos de investimento.

Por últimos temos o banco Invest com 497 fundos de investimento disponíveis. O banco Invest não tem como prioridade apresentar uma grande oferta de fundos de investimento, mas sim de apresentar alternativas interessantes para os seus clientes. Ainda assim o banco Invest tem fundos de investimento essenciais para os investidores, e até agora não senti nenhuma limitação na oferta dos fundos de investimento.

Notas Finais

Os fundos de investimento são uma alternativa de investimento interessante. Os investidores têm é de ter cuidado com os fundos de investimento que subscrevem, dado que podem existir fundos de investimento muito mais interessantes para o mesmo risco.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Uma Lição de História sobre Diversificação

Todos sabemos da importância da diversificação, e até eu já fiz alguns textos a falar sobre diversificação, mas hoje é diferente. Hoje vamos ter uma lição de história, a realidade da diversificação.
Um investidor inexperiente pode falar que a diversificação não vale a pena. Ele comprou umas unidades do ETF do S&P500 nos últimos anos e aquilo tem estado sempre a subir, portanto nem sequer pensa em diversificar através de depósitos a prazo ou de obrigações governamentais.

A tabela em cima mostra a performance entre as diferentes classes de ativos. O que está em cima rendeu mais e cada classe de ativos tem a sua própria cor.
Podemos observar que a classe das Commodities teve retornos horríveis nos últimos anos. A crise mundial de 2008 mexeu muito com os preços e procura nesta classe de ativos. Já em 2016 houve um aumento dado o aumento pelas construções e gastos que os governos e empresas estão a fazer.
As Ações são outra classe de ativos que levaram uma cacetada em 2008 e em 2011 com a crise económica mundial. Em 2017 as ações recuperaram todas as perda desses anos, estando até acima dos valores de 2008.

Sem Diversificação:

Se um investidor tivesse comprado €100 em Commodities em 2011, iria chegar a 2015 com €49 em carteira. O retorno anual para esse investimento é de -13,5%. Mesmo com o retorno em 2016, a carteira aumentou para €54.
Já um investimento de €100 em Ações no ano de 2011 iria chegar a 2016 com uma carteira avaliada em €170. Isto traduz-se num retorno anual de 9,2%.

Com Diversificação:

Dado que é impossível prever a classe de ativos que vai ter um retorno mais atrativo todos os anos, é preferível diversificar os investimentos.
Assim, se um investidor em 2011 investir €50 em Commodities e Ações, vai chegar a 2015 com um lucro de €3,20, em vez de perder €51 por investir apenas em Commodities.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Investir em PPR's

Hoje é dia de falarmos sobre mais uma diversificação na nossa carteira de investimentos, os Planos Poupança Reforma. Os PPR são planos oferecidos muitas vezes pelos gestores de conta, de forma a dar um rendimento maior às nossas poupanças.

Infelizmente a maioria dos PPR não é uma boa alternativa de investimento aos comuns depósitos a prazo. Um artigo do Observador, lançado em Maio de 2017 refere isso mesmo: Proteja a sua reforma. Só há dois PPR que merecem o seu dinheiro.

Nos bancos mais comuns, os PPR dão mais rendimento à entidade bancária que os depósitos a prazo, e infelizmente existem casos de gestores de conta que têm como objetivo vender 5 ou 6 PPR por mês. Muitas vezes os gestores de conta aliciam as pessoas mais idosas, propondo até que façam um PPR por cada filho, ou para os familiares todos (assim os gestores de conta cumprem os objetivos com uma rapidez impressionante). Mas, se estes produtos fossem bons, estariam a ser colocados como objetivos de venda? Claro que não!

A maioria dos PPR têm muitas desvantagens, vamos enumerar:

  1. Não são protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos: Todos os PPR têm a garantia prestada diretamente através das seguradoras, ou seja, não estão abrangidos pelo FGD. No entanto, alguns PPR poderão estar abrangidos através do Sistema de Indemnização aos Investidores;
  2. Rendimento Mínimo Garantido: Quem já subscreveu um PPR com rendimento mínimo garantido deve já ter reparado que esse rendimento mínimo desceu consideravelmente com o passar dos anos. Infelizmente os PPR comercializados indicam um rendimento mínimo garantido de X% para o ano que está a ser comercializado, e depois têm toda a autonomia para definirem o rendimento mínimo garantido para os anos seguintes. É raro os investidores resgatarem os PPR até porque isso tem comissões e custos fiscais;
  3. Comissões Exageradas: Os PPR têm comissões para tudo. Sejam elas comissões de depósito, comissões de resgate, comissões de gestão, comissões de transferência, etc. Estas comissões todas retiram a maioria dos ganhos aos investidores;
  4. Capital Garantido: Nem todos os PPR têm capital garantido. Infelizmente alguns gestores não informam os clientes sobre essa situação, o que os pode penalizar bastante.
Apesar destas desvantagens enumeradas, convém que o investidor esteja perfeitamente ciente de todas as comissões que lhe poderão ser aplicadas, e não confiar na palavra do seu gestor de conta. Infelizmente os gestores de conta apenas gostam de informar os clientes sobre as vantagens dos produtos (omitindo as comissões) apenas para cumprirem os seus objetivos.

Vantagens Fiscais

Felizmente os investidores são favorecidos no que toca às vantagens fiscais que têm ao subscrever e deter um PPR. Desde vantagens fiscais nos depósitos às vantagens no resgate, convém que o investidor saiba os montantes máximos para aumenta a sua eficiência fiscal. Poderia estar aqui a enumerar os códigos mas é melhor colocar uma tabela de fácil consulta.

Pelos depósitos em PPR os investidores têm de ter cuidado com os limites enumerados em cima. Alerto para o facto de que existe um limite máximo também pela idade, e não só pelo rendimento. Infelizmente conheço casos de gestores de conta que aliciaram investidores para depositar montantes maiores pelas vantagens fiscais, mas depois esses clientes ultrapassavam largamente os limites.
Uma grande vantagem dos PPR é a de resgate antecipado sem penalização (nos PPR com comissões elevada) nos casos de desemprego, incapacidade ou de doença grave. O estado também lhe dá uma vantagem fiscal, baixando a taxa de imposto sobre o rendimento.
Para os outros casos, o resgate a qualquer momento tem as mesmas comissões que os resgates dos fundos/depósitos de capitalização. Como podem ver existe uma vantagem fiscal muito grande face aos 28% de mais valias tributadas nos depósitos a prazo ou acções.
Assim sendo passamos para os melhores PPR a escolher.

Com Garantia de Capital

O Observador refere o Lusitania PPR. Apesar deste fundo dar uma taxa de 1,5%, este produto tem uma comissão máxima de subscrição de 2% o que pode "comer" todos os rendimentos desse ano. Na altura que procurei por PPR encontrei um muito melhor, com possibilidade de subscrição no Novo Banco e no Banco Best.
O Novo banco PPR Renda Mensal I, II, III e IV garantiam rendimentos anuais entre 2,75% e 4% em 2017. Como não estavam previstas comissões de subscrição nem de reembolso, este produto era muito mais interessante que o Lusitania PPR. É uma questão dos investidores estarem atentos para novas versões desse produto no Novo Banco ou no Banco Invest.

Sem garantia de Capital

Claro que não poderia referir outro PPR. O meu PPR favorito é claramente o Alves Ribeiro PPR.
Este PPR já ganhou diversos prémios e é reconhecido em Portugal e na Europa como um dos melhores fundos PPR para se ter em carteira. É verdade que não existe garantia de capital, mas isso possibilita a que existam ganhos muito maiores.
Podem ver que o fundo perdeu algum valor nos anos de 2008, 2011, 2015 e manteve no ano de 2016. Ainda assim, este fundo consegue rendimentos muito maiores do que os fundos com garantia de capital e ainda tem vantagens fiscais para quem o tem em carteira!
Podem ver a rendibilidade anuais para verificarem o que eu vos estou a dizer. Este PPR tem uma rendibilidade anualizada de 7,0% e 17,2% nos últimos três e cinco anos. Não existem outro fundo que tenha esse tipo de rendimento e, para além disso, este fundo tem outra vantagem. Como o fundo foi afetado por ter algum papel comercial do GES, caso exista uma resolução a favor dos investidores este fundo poderá beneficiar ainda desse rendimento que nem estava previsto.