quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O Perigo da Alavancagem

A alavancagem é um tema que, na minha opinião, ainda não foi bem elaborado neste blog. Assim sendo, vamos dedicar um artigo ao conceito de alavancagem.

Empréstimo à Habitação

Todos nós usamos ou já usámos a alavancagem nalgum momento da nossa vida. Os Portugueses, por exemplo, utilizam a alavancagem para comprar uma casa para viverem. A compra de uma casa pode ser um símbolo de mudança de vida, de criação de uma família ou de independência dos pais. Infelizmente uma casa continua a ter um preço proibitivo, mas graças aos empréstimos à habitação, isso tornou-se muito mais fácil.
Vamos imaginar que a família Lopes comprou esta casa por 100.000€. Como apenas tinham 20.000€ pediram ao banco o resto em modo de empréstimo. Assim sendo, a família Lopes ficou a dever ao banco 80.000€.
Nesse mesmo ano o mercado imobiliário valorizou, sendo que surgiu um comprador para esta casa, que estava disposto a pagar 120.000€ pela casa. A família Lopes fica surpreendida porque não a queria vender, mas um ganho de 20% sobre o preço de compra é bastante apetecível.
A família Lopes decide vender a casa, fazendo contas logo a seguir.

Vejamos, a família amortizou imediatamente o empréstimo ao banco, no valor de 80.000€ (não houve juros nem penalizações pela amortização antecipada). Fica a sobrar 40.000€ para esta família comprar uma nova casa.
Assim sendo, o empréstimo à habitação deu a esta família uma alavancagem muito interessante neste caso. A família não só recuperou todo o seu investimento, como conseguiu ganhar 100% face ao valor inicialmente investido.

Neste caso correu bem, mas a realidade é que a alavancagem apresenta diversos perigos que o investidor deve saber antes de se colocar em produtos alavancados.
Voltando ao exemplo da casa, uma desvalorização de 20% iria provocar uma perda total do capital inicialmente investido.

Nos mercados financeiros o resultado é exactamente o mesmo.

Mercados Financeiros


No gráfico em cima temos um ETF alavancado três vezes face ao S&P500. Como podem ver, dado que estamos num Bull Market, este ETF está quase todos os dias a ter retornos negativos. O gráfico pode não revelar mas podem ver que, de 2012 a 2017 este ETF já perdeu quase 93% do valor.

Os investimentos em produtos alavancados tendem para 0, como podem ver no exemplo em cima.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Análise ao ETF - GURU

Há muito que ouço falar em Hedge funds. Os retornos são espectaculares, a equipa de gestão aproveita várias oportunidades através da sua pesquisa pessoal, as estratégias são criativas e o alfa (indicador que mede o retorno acima do índice) é sempre positivo.

Mas a realidade é que este tipo de investimentos apenas servem para investidores com elevado conhecimento na área dos investimentos e dos riscos envolvidos. Par além do conhecimento o investidor precisa também de muito capital para colocar nesse Hedge fund (existem Hedge funds com um mínimo de €100.000 ou até de €1.000.000).


Normalmente a equipa de gestão desses Hedge funds são apelidados de "Gurus". Pois é sobre o ETF GURU que vamos falar hoje.

O objetivo do fundo é muito simples. Através do preenchimento do formulário 13F que os Hedge funds americanos têm de fazer, o GURU analisa todos esses formulários e depois compra os produtos que forem mais famosos.

Vantagens

  • Low Cost - O custo anual de um Hedge fund ronda os 2%, mas este ETF tem um custo anual de 0,75%. Os investidores aproveitam as análises dos gestores destes fundos sem necessitarem de pagar tanto por esse serviço;
  • Quantidade - Duas cabeças pensam melhor do que uma, e este ETF beneficia disso mesmo. Ao observar todos os formulários disponíveis, podem aplicar o capital de acordo com o consenso da maioria dos gestores de Hedge funds.
  • Acessibilidade - Os investidores tradicionais não têm acesso aos Hedge funds, mas com este ETF já podem ter.

Desvantagens

  • Informação - Os formulários só têm de ser preenchidos até 45 dias depois de cada trimestre. Isso significa que o Hedge fund pode já nem ter um produto em carteira. Os formulários não obrigam os Hedge funds a informarem sobre as posições curtas que têm em carteira, nem sobre produtos estrangeiros que tenham em carteira;
  • Alavancagem - Este ETF pode utilizar alavancagem para aumentar os seus ganhos, ou as suas perdas.

Retornos


O gráfico em cima mostra os retornos de 2012 até 30 de Junho de 2017. Até meados de 2015 observamos que o ETF GURU bateu o índice S&P 500, mas podemos mais uma vez observar que uma estratégia passiva ganha sempre a uma estratégia ativa.
Podemos também observar que o GURU tem movimentos mais voláteis, mas isso é normal dado que estamos a falar de investimentos que os Hedge fund fazem, logo mais voláteis.

Notas Finais

Faz sentido ter este ETF em carteira se queremos ter uma percentagem da nossa carteira alocada aos Hedge funds, no entanto podemos ver que a gestão passiva traz um retorno maior que uma gestão ativa. Ainda assim, este ETF tem uma estratégia provada através dos seus retornos e baixo custo ao longo dos anos.




quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Raize - Empréstimo em Recuperação

Após ter falado anteriormente sobre a Raize não ter cumprindo com as condições contratuais, em relação a um contrato com a Pneus União, a Raize colocou o empréstimo em recuperação! Apesar de não ser uma situação ideal, agora posso relatar o que faz a Raize quando um empréstimo está em recuperação. Qualquer novidade será comunicada para aqui, como exemplo a futuras especulações relacionadas com a Raize.
A Raize envia um e-mail a todos os investidores a informar sobre a decisão de ter colocado o empréstimo em recuperação. Mas não é apenas por e-mail que os investidores são informados!
A nossa área pessoal também fica atualizada para refletir os empréstimos em recuperação. O montante em recuperação corresponde ao capital investido e juros ainda por receber.
Se formos pesquisar o empréstimo pelo estado conseguimos logo encontrar a empresa. A parte superior fica a vermelho para refletir o estado do empréstimo.
Como combinado contratualmente, todas as prestações de capital e juros ficam em recuperação. A página do empréstimo e da empresa dentro da plataforma não apresenta nenhuma informação ou novidade sobre o empréstimo ou estado da recuperação. Esta é uma critica que eu e os outros investidores partilhamos. Infelizmente a Raize não é completamente transparente com os investidores nos empréstimos onde participam, quando as coisas não correm bem. Já vos disse nos posts anteriores que fiquei sem qualquer informação durante mais de 3 meses sobre este empréstimo, algo que não deveria acontecer.

Nota Importante

Informo todos os investidores que o estado Português não concede benefícios fiscais a perdas de capital neste tipo de investimentos. No caso de perdermos algum capital, essa mais valia não pode ser deduzida em lado nenhum, como me informou a Raize. Ainda questionei se, mesmo englobando os juros no IRS, iriam dar-me o direito de abater esta perda de capital (quando efetivamente se concretizar) nos juros, e fui informado que não seria possível.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Dois anos com a Raize!

Há um ano escrevi o meu primeiro artigo sobre a Raize, aqui. Desde então a plataforma tem crescido a um ritmo muito interessante, como as estatísticas mostram.

Quase 7 milhões de Euros em financiamento e com mais de 11000 utilizadores mostra que a Raize tem pernas para andar neste mundo dos financiamentos B2B.
Em média, os investidores estão com uma taxa de juro de 7,53%. Mesmo com o capital em incumprimento podemos verificar que o retorno continua a ser bastante interessante. desde o lançamento a plataforma tem 0,25% do crédito dado como incobrável. Em termos de valores reais, estamos a falar de 14877,50€ que ficaram por receber.

O meu caso concreto

Falando na minha conta apenas, posso-vos dizer que tenho cerca de 250€ investidos em 21 empresas. Infelizmente o montante mínimo é demasiado elevado para ter uma estratégia de diversificação mais aceitável (cerca de 5% em cada empresa), mas felizmente as empresas vão pagando.
Dos 21 empréstimos em carteira já tive casos em que as empresas demoraram a pagar uma prestação. Algumas atrasaram-se algumas prestações devido a dificuldades de tesouraria, diz a Raize.

A Angopoças atrasou-se algumas prestações mas depois acabou por amortizar o empréstimo antecipadamente. Ainda bem que isso aconteceu pois hoje mesmo fui ver a empresa e encontra-se em processo de insolvência. Este caso poderia ter corrido muito pior para os investidores.

Apesar de não ter acontecido a mim, existem investidores que têm uma empresa em carteira que sofreu um PER (Plano Especial de Revitalização). O prazo de amortização foi alargado para mais de 100 prestações, com uma taxa de juro muito abaixo do previsto inicialmente. Apesar deste inconveniente, é melhor receber mais tarde que nunca.

Estou neste momento com uma empresa em atraso. A Pneus União está com 6 prestações em atraso. Supostamente isto deveria ter sido colocado em recuperação mas a Raize não se encontra a cumprir com o estipulado, como podem ver aqui.

Ainda assim estou com uma TANB de 7%. Esta TANB faz a média da taxa de juro dos empréstimos em carteira. Alerto para o facto das prestações dos empréstimos serem feitas através de capital e juro. Ou seja, como estamos a receber capital temos de ter o cuidado de voltar a colocar esse capital a render, senão vamos estar com uma taxa de juro que não corresponde à realidade. Esta TANB também não tem em conta todo o tempo que demora deste o momento em que a Raize retém capital e o empréstimo efetivamente começa (vamos abordar isso mais à frente).

Notas Finais

Apesar do modelo não estar completamente afinado, a Raize apresentou uma proposta de valor muito interessante para os investidores no nosso país. O que acham da Raize?